VELA, CÂMERA, AÇÃO!
Assisti a muitos filminhos na semana que passou. Alguns “de grátis”, outros quase. Aí vão minhas impressões:
Surf Adventures – com as imagens sensacionais da primeira meia hora de filme dá vontade de pegar uma prancha e aprender a surfar. Mas depois enche o saco e a vontade que dá e de quebrar uma prancha na cabeça dum surfista.
Bellini e a Esfinge – já tinha visto esse bom policial brasileiro, mas é sempre uma satisfação rever Maristane Dresch.
A Paixão de Jacobina – não é um filme, e sim um equívoco. Conta a história de uma seita comandada por Jacobina (Letícia Spiller, que desde Babalu não fazia um papel tão mongol). Ela cura as pessoas com beijos na boca, o que lhe traz vários seguidores. Não se sabe se num caso mais grave seria necessário um boquete. A igreja e os moradores da região entram em conflito com a seita e depois de mortes de ambos os lados o exército é chamado. Parece que o diretor Bruno Barreto, o mesmo do candidato ao Oscar “O Quartilho”, usou sobras do filme “Guerra de Canudos”. As atuações são dignas de novela do SBT. Felipe Camargo, como comandante da ridícula tropa, faria jogo duro com Alexandre Frota. O escancarado merchandising da Azaléia é das cenas mais patéticas dos últimos tempos. O pior filme brasileiro do ano. E por isso, para mim é obrigatório.
Janela da Alma – depoimentos sobre a visão, o olho, que seria a janela da alma. Tem momentos legais, como o do cego mineiro contando como faz sexo, o Hermeto Pascoal falando besteira e o fotógrafo francês cego. Mas em certas partes minhas janelas da alma se fecharam, como nos depoimentos do José Saramago e do diretor de cinema Win Wenders.
Ônibus 174 – Pra quem acha que Cidade de Deus reflete a pobreza é melhor ver esse filme. Contextualiza o episódio do seqüestro do ônibus, conta a vida do seqüestrador Sandro Nascimento, de como ele chegou naquele ponto, da péssima atuação da polícia. É um filme de terror, que a gente sabe o final, mas ainda sim tem esperança de que mude. O filme conta que Sandro foi flanelinha no Centro. Lembrei disso quando encontrei o guardador de carros na saída: “Toma aí uma moeda. Vê lá se não vai ser um Sandro Nascimento da vida, hein”.
Promessas de um novo mundo – é aquele das criancinhas judias e árabes que desde cedo se odeiam. No meio da exibição o filme saiu de quadro. Fizeram uma circuncisão nele! Lá pelo final o diretor do filme promove um encontro entre os moleques. Eles se dão aparentemente bem. O árabe chora ao saber que no futuro eles perderiam contato. Dois anos depois, o diretor volta à Israel e o judeu conta que ignorou as várias ligações do árabe. Essa porra não tem jeito mesmo. Acho que nem mandando o Bozo em missão de paz pra cantar “Bozo não gosta de guerra / Só quer a paz no planeta terra”, daria certo. A natureza poderia providenciar um terremoto pra acabar com aquilo tudo. Aí não teria mais terra prometida, nem porra nenhuma.
Laranja Mecânica – na verdade o que assisti foi a peça, não o filme do Kubrick (amém). Não é muito diferente do filme. Muito engraçada a velhinha de 94 anos xingando e se atracando com Alex. Fico imaginando como seria se submetessem Fernando Beira-Mar e Elias Maluco ao mesmo tratamento da história. Em vez de Beethoven, tinham que usar pagode, funk, essas coisas. Livre arbítrio é o caralho! Devo confessar que na saída do teatro fiquei com vontade de espancar um cara que passava de pé engessado e muleta.