18.11.02



Não teço loas ao Romário. Suspeito que no contrato feito com o Fluminense há cláusuras em que o Baixinho se negaria a fazer gol no Flamengo e que em jogos contra o Vasco ele abandonaria o campo após sentir uma fisgada na coxa. Também acho que ele não emplaca 2003 nas Laranjeiras. Lá o Baixinho não se criou. Não consegiu formar panelinha, não foi aceito pelos jogadores, não conta piadinhas nem tira onda. Dos treinos ele entra mudo e sai calado. Isso quando treina, porque dentre os privilégios consentidos pela diretoria está o de treinar na academia e na praia e viajar separado do grupo. Por conta disso imagino como deve ser um treino sem Romário: o time titular jogando com 10 e os jogadores tocando a bola prum jogador invisível fazer gol.

A melhor partida do Fluminense nesse campeonato foi contra o Corinthians, no Pacaembu. Sem Romário. O time jogou solto, sem a obrigação de jogar em função dele. E foi de Romário a atitude mais vergonhosa de um jogador nos últimos tempos dentro de campo, a mãozada no Andrei no jogo contra o São Paulo.

Dito tudo isso, agora vem a constatação: sem os 15 gols de Romário o Flu não chegaria à classificação. Comparando com música, Romário foi um gênio, autor de canções belíssimas, raras no repertório atual. Hoje ele é um hitmaker. Faz músicas pra tocar em rádio e vender disco. Nas poucas vezes em que toca na bola (em poucos e simples acordes) ele resolve a parada.

Nesse domingo, na fuderosa virada contra a Ponte Preta, foi assim. No primeiro tempo ele parecia se esconder entre os zagueiros. Veio o segundo tempo e os 2 a 0 da macaca. Mas eu ainda acreditava. O Cruzeiro do Vanderlei Luxemburgo vencia o Goiás tirando a vaga do Flu. Vieram os dois gols do Roni. E agora? Restaria torcer pro Goiás empatar e colocar o Flu de novo entre os classificados. Que nada. Romário recebe a bola na área. Ele toca pra frente e perde pro zagueiro Marinho. “Filho da puta”, xinguei por ele ter desperdiçado o lance. No que eu pisco o olho, Romário toma a bola do beque, dá dois passos, chuta, a bola bate na trave e ultrapassa mansamente a linha do gol. Bloguinho, você tinha que ver como eu gritei e comemorei nessa hora! Puxa vida, foi muita alegria!

Agora, contra o São Caetano, é esperar que Romário não desafine e faça mais um hit.