5.11.02

MINHA VIAGENZINHA À BÚZIOS

Querido bloguinho

Tudo bom com você? Puxa vida, vc continua feinho hein? E os arquivos continuam sumidos! Que coisa, como é que pode disputar o Prêmio iBest desse jeito?


Bem, como tinha falado antes, passei o fim de semana em Búzios. Foi minha primeira ida à cidade mais badalada da Região dos Lagos. Nunca tinha ido lá simplesmente porque nunca tive vontade de conhecer uma cidade freqüentada por argentinos e por gente esnobe da zona sul carioca. Mas sabia que cedo ou tarde me encontraria com o balneário. E a oportunidade surgiu. Como a companhia era da melhor qualidade, não hesitei em realizar o meu sonho de ir à Búzios. A seguir, dou algumas dicas para quem pretende se aventurar por aquelas bandas. Se algum caderno de viagem de algum jornal, revista ou site de turismo, quiser publicá-la, é só mandar um e-mail pra mim que eu envio no número da minha conta.


Vela no mar de Búzios

A NOITE – A única coisa que tem pra fazer à noite é andar pela Rua das Pedras e pela rua paralela. Em meia hora dá pra ver todas as lojas de bujingangas e os restaurantes caríssimos. No resto do tempo, aproveite para rir da mulherada tentando manter a pose depois de tomar um tombo na Rua das Pedras. Ou gargalhar com os deprimentes balconistas do Chez Michou se empolgando com Charlie Brown Jr., numa tremenda forçassão de barra.

O melhor programa noturno da Rua das Pedras é o culto da igreja da Assembléia de Deus. Foi lindo ver um casal no restaurante ao lado com cara de bunda, incomodado com os gritos de louvor do pastor. Pra completar o cenário, um ambulante vendia fantoches de fantasmas em frente à igreja. Por pouco não me converti.

MÚSICA – Não falta música ao vivo da melhor qualidade na Stones Street. Um bar enfeitado para o Ralouím era pura animação com um sujeito tocando “Tears in heaven”, do Eric Clapton. Na frente de um quiosque que despejava Kiss, um humilde seresteiro sentado no meio fio tentava tirar um som do violão. Mas a grande sensação era um trio, cujo cantor encaixava nas letras que cantava mal e porcamente motherfucker’s e fucking's. “Hotel California”, do Eagles, por exemplo, ficou assim: “I have to find the passage back to the MOTHERFUCKER place I was before”. A métrica foi pro espaço. E ainda tinha gente que pagava 6 reais pra sentar nas mesas pra apreciar com conforto esse boçal.


Pedras da Rua das Pedras à espera dos saltos altos das gatinhas

O POINT – Chez Michou? Guapoloco? Porra nenhuma. O grande point de Búzios é o Bar Nascimento, um pé sujo que fica na rua paralela à Rua das Pedras. Foi lá que vi o Flusão ganhar do Vasco, na quinta-feira. Isso mesmo, no pé sujo passam jogos do pay per view! Melhor ainda: o dono é vascaíno e há vários pôsteres do bacalhau espalhados, o que deu um gostinho a mais pela vitória.

Na hora do jogo junta tanta gente que quase fecha a rua. E é claro que num lugar desses tinha que ter uma figura. Ela se chama Ananias, um tricolor franzino, que vestia a camisa branca número 15 da Hyundai e usava um bonezinho amarelo. O pessoal pegava no pé do Ananias, chamando-o de estuprador, maconheiro, ladrão, viado, só coisa leve. Se ele atrapalhava a visão de alguém, ouvia um “Ananias, vai pra geral!”. Mas foi ele quem riu por último, ao comemorar os gols do Fluminense dançando que nem um tirolês. Genial.

No sábado, no clássico do dia de finados entre Flamengo e Botafogo, o pé sujo encheu mais ainda. Na esquina daquela quadra, um açougueiro botafoguense fantático havia hasteado a bandeira da estrela solitária na calçada. Fim de jogo, os urubus migraram para a frente do açougue e gritaram sem piedade “ão, ão, ão, segunda divisão!”.

O DIA – Na praia da Armação, pessoas oferecem insistentemente passeios de escunas com direito a frutas, bebidas e música. Quase perguntei se o pacote incluía drogas. Numa escuna que atracava cheia de barangas, a trilha sonora era funk e Xuxa. Trem fantasma perde.

Praia em Búzios é coisa de gente fina. Em vez de biscoito “grobo” doce e salgado, os ambulantes vendem ostra. Mesmo assim, ainda tem gente mal educada que leva cachorro pra praia. E o que acontece? Os totós irracionais acabam fazendo Argentina na praia.


A Praia é Azeda, mas a água é salgada

ARGENTINOS – São um problema à parte. Segundo a coluna social em forma de tablóide, O Peru Molhado, a gentalha está de volta à cidade depois da crise mais braba. E não é difícil constatar isso andando pelas ruas. Só se ouve castelhano. Numa banca há jornais argentinos à venda. Deu vontade de convidar alguns hermanos pra jogar Laser Shots, só pra ter o prazer de atirar neles e gritar “morram argentinos!”.

BRIGITTE BARDOT – Outra coisa que chama atenção em Búzios é a devoção à Brigitte Bardot. Não faltam fotos dela espalhadas pelos estabelecimentos. Quando fui cagar no banheiro de um restaurante dei de cara com a eco-chata. Tem o Cine Bardot, cujo ingresso varia de 1 real (terças e quartas) a 10 reais (fins de semana). Não saia da minha cabeça aquela música do Casseta e Planeta, “Brigitte Bardot adota um bebê foca / Deve ser por falta de piroca”. Tem gente que chega a beijar a estátua da dita cuja, na orla que leva o seu nome, na Praia da Armação. Realmente, se a atriz francesa não viesse dar o rabo por lá há uns 40 anos Búzios não teria a badalação que tem. Talvez não tivesse nem argentinos.

NÚMEROS

Mijadas no mar – 3 vezes. Duas na praia Azeda e uma na Azedinha;
Tubos de protetor solar 30 gastos – 2 e meio.
Gastos com souvernirs – 9 reais. Cinco com uma porquinha sadomasoquista e quatro com uma camisa do Garfield escrita “Não nasci para acordar cedo”;
Quantidade de vezes que falei NÃO prum chato que oferecia passeio de escuna – 43;
Quantidade de vezes que fiquei com vontade de mandar um argentino tomar no cu – 136;

Quer ver as verdadeiras fotos do passeio? Então, vote em mim no Prêmio iBest. Prometo que se passar para a segunda fase, eu as publico.