Semana passada estive no Encontro das Profissionais do Sexo. Faltou falar do jornal da classe, Beijo na Rua, publicado pela Davida – Prostituição, Direitos Civis, Saúde. É um tablóide bimestral colorido, de 16 páginas, distribuído gratuitamente em lugares estratégicos como a Vila Mimosa. Fala da atuação da organização, do debate das leis, de encontros e também entrevista várias delas. Em março do ano que vem o jornal vira çaite. Não acho Beijo na Rua um nome ideal, já que profissionais do sexo não costumam beijar (na boca. Já em outros lugares...). Lembrei dum trabalho da faculdade, quando a professora pediu um projeto pruma revista sobre a classe. Um ser grotesco da minha turma deu um nome genial: Buraco Quente.
Na edição de agosto e setembro, Maria Nilce Evaristo dos Santos, 56 anos e 25 de batalha, revela que ainda é fogosa com os clientes. “sou sem vergonha na cama. Eu faço com eles todas aquelas posições”. Quem é figurinha fácil nas páginas do jornal é o deputado Fernando Gabeira, autor da lei que legaliza a prostituição.
Uma pesquisa da Universidade de Brasília feita com 3 mil putas em sete estados revelou que 60% delas nunca fazem anal, 35% sempre pagam boquete e 25% deixam que o cliente dê uma lambidinha. “O primeiro que eles pedem é a chupadinha, depois a bundinha, e a frente fica lá pra trás”, disse uma profissional da Paraíba.
Mas o mais sensacional foi a cobertura do concurso Gatinha Vila Mimosa 2002, realizado em setembro. As 14 concorrentes dispensaram o uso de máscaras e desfilaram sem vergonha de mostrar a cara (já que outras coisas elas mostram sem o menor pudor). A vencedora, Rafaela, ficou surpresa com a vitória. “Achei que as favoritas eram as colegas com bundão. Eu sou magrelinha”, disse a carioca de 23 anos, 1,68m, 50 quilos, manequim 38 e vascaína. Que nada. Rafaela passaria tranqüilamente como estudante de comunicação da PUC. A diferença estaria no profissionalismo.
Rafaela, a Gatinha Vila Mimosa 2002
“Amanhã vou reclamar na associação que essa magrela ganhou”, protestava uma das meninas. “Tá muito legal. Desse jeito eu vou ser puta pra sempre”, se orgulhava outra. Até freiras deram as cara por lá. Explico: as irmãs fazem trabalho voluntário num ambulatório da Mima. Pensaram que elas também eram putas?
Agora, surpreso fiquei eu ao ler a entrevista da Rafaela. Até escaneei pra não acharem que eu tô de sacanagem.
Caralho!!! Puta lendo senhor dos anéis!!! Aonde o mundo vai parar!?