Legal a matéria do Grobo sobre o Zé Bonitinho, ou melhor, o ator que faz o personagem. Ele está de volta à cena na peça infantil “Eu e meu guarda-chuva”, elaborada pelo vocalista dos Titãs, Branco Mello, e pelo ex-baterista da banda, Ciro Pesso. Como fã incorrigível da banda, fui assistir ao ensaio aberto da peça, no dia das crianças. De graça, é claro. E ainda tinha Zé Bonitinho, fazendo papel de um DJ maluco. A peça conta a viagem na maionese de um moleque de 10 anos, Eugênio (Andrea Beltrão), depois de ler um livro de terror. Os objetos do quarto, como o livro, o travesseiro e o relógio, ganham vida para ajudá-lo a resgatar o abajur, transformado em mordomo, que foi seqüestrado.
A participação do Zé Bonitinho, o único a ser aplaudido ao entrar em cena, foi um dos motivos que me levaram a ir nesse tipo de programa, pra mim incomum. O principal foi ouvir pela primeira vez a música mais tosca dos Titãs, “Dona Nenê”, do primeiro disco da banda, ser tocada ao vivo. Mesmo que não fosse pelos próprios Titãs.
Os Titãs dos dois primeiros discos são muito ruins. E “Dona Nenê” é um exemplo disso. A base é uma bateria eletrônica vagabunda, um teclado desastrado e a voz do Branco Melo. “Dona Nenê, Madame Gaspar / Foram se encontrar no Pegue Pague / Zigue-zague de carrinhos pelo super / Dona Nenê comprava em pedra / Madame Gaspar comprava em pó / Olha quem vem lá / É o Seu Ervilho / Pilotando o seu carrinho audacioso / Calma Seu Ervilho correr tanto assim é perigoso / Liqüidação, seção de tecidos / Todas as senhoras em euforia / Uh-hu-hu-hu-hu / Quando de repente ouviu-se um grito / Aaaaahhhhh / Dona Nenê desapareceu / Madame Gaspar já tinha ido embora / O que teria acontecido com Dona Nenê? / Onde andaria agora Dona Nenê? / Oh, Dona Nenê / Oh, Dona Nenê”.
As músicas são cantadas pelos atores e tocadas pela banda Carne de Segunda, bastante falada no underground carioca, mas que eu ainda não tive a chance de ouvir. Os caras tocam de pijamas, lado a lado, no fundo do palco. Pra criançada a peça pode ficar meio confusa e chata em alguns momentos. Mas é legal recordar a preocupação com o fim das férias e a volta às aulas, quando Eugênio lamenta que logo no primeiro dia tem aula de matemática. Acabou que a cena mais engraçada foi no final, quando os atores se enrolaram pra prender o lençol nos postes da cama. Todo mundo caiu na gargalhada, até a Andrea Beltrão.
Quem quiser ver a peça vai ver o horário e o preço no jornal.