13.4.03

Da última vez que tinha ido a um Fla-Flu, o primeiro do ano – 3 a 0 pro Flusão – prometi pra mim que daria um tempo indeterminado em Fla-Flus. Como diz a letra do hino do império do mal, “nos Fla-Flus é um aí Jesus”. Tensão, brigas, arrastões, salve-se quem puder. A impressão que se tem é que as cadeias liberam seus presos de maior periculosidade em dias de jogos do Flamengo. Uma espécie de premiação por bom comportamento. Invenção de advogado.

Tentei resistir. E adiantou? Quando chegou perto da hora do jogo eu parecia aquela nave espacial do Independence Day dirigida pelo Will Smith e pelo cara que fez A Mosca, atraída pela nave-mãe dos “alienígenas-malvados-que-queriam-destruir-a-Terra”. A nave-mãe, no caso, era o Maracanã.

É evidente que eu estava à paisana. Pra mim é regra sair à paisana em dias de Fla-Flu até para ir na padaria comprar pão. Passei pelo Bar dos Sports, tomado por urubus e vigiado de por um cordão de PM´s. Lembrei da vez em que me deparei com a torcida burro-negra na geral. A visão mais próxima do inferno que eu já tive.

Lado a lado virados pra grade, cerca de 30 torcedores eram revistados pela PM. Preciso falar de que time eram? Com o ingresso na mão, vi a porrada comer solta num cruzamento. Um PM correu atrás de um sujeito com o revólver apontado mandando ele parar. Isso no meio da multidão.

Tenho uma explicação para o desastroso resultado deste domingo. Flamengo e Fluminense fizeram um troca-troca nesta semana. O Flu mandou pra Gávea Fernando Diniz e recebeu o Lopes. Diniz é um meio-campo no estilo Zinho. Pega a bola e fica rodando que nem uma enceradeira. É bom pra prender a bola, quando o time precisa segurar o resultado. Só que Diniz vem jogando mal desde o ano passado, quando se machucou. Lopes fez uns golaços no Palmeiras, mas teve a carreira abalada quando descobriram cocaína num exame anti-doping. Costuma sumir, faltar a treinos, ou seja, é o jogador problema. Encostado no Porco, foi pro Flamengo onde jogou umas três vezes. E só.

Diniz é um cara aparentemente de boa índole. Já apareceu em reportagens posando de intelectual, lendo livros de filosofia. Foi posto de lado pelo Renato Gaúcho quando se negou a comer o rabo do treinador do Fluminense. Já o Lopes perdeu clima no Flamengo depois de, não satisfeito em cheirar a cocaína dele, passar o canudo na carreira do Fábio Baiano que imediatamente partiu pra ignorância, como lhe é peculiar. Lopes foi definitivamente escurraçado do Flamengo depois que tomou toda a laranjada do Athrison, aquela laranjada culpada pelo doping positivo do lateral em 2000.

Hoje, Diniz e Lopes entraram no segundo tempo. Continuam os mesmos inoperantes. A diferença é que o Lopes trouxe pro Fluminense as nuvens negras acumuladas na Gávea. Já Diniz levou pro Flamengo os boas vibrações das Laranjerias. Taí a minha explicação.

Ah, sim – só um lembrete pra urubuzada. No placar do ano, que estava em 8 a 1 para o Flu, continuo levando vantagem: 9 a 5.