– E Pepsi, pode tomar?
– Pepsi também...
– Desculpa aí, é que eu ganhei essa mochila...
– Não é que não pode tomar, a gente só orienta a não consumir.
– E ver filme americano, ler Hemingway, pode? – tentei dar uma sofisticada no papo.
– A gente não proíbe, a pessoa faz o que quiser.
– Eu acho que se as pessoas pararem de usar camisas com bandeira dos Estados Unidos vai ser uma grande coisa – contra-argumentei.
– Mas aí não adianta, a pessoa já tem a camisa. Tem que parar de consumir pra dar prejuízo pra eles.
Fui embora. Fazia um pouco de calor. Parei no primeiro McDonals e tomei uma casquinha mista.
"Se não colocar mais calda de chocolate no
meu mc colosso eu estouro seus miolos"
Ah sim, ainda quis saber como havia sido o quebra-quebra que aconteceu uns dois dias antes. Um bando havia quebrado alguns vidros do consulado e continuou a baderna rua abaixo. O McDonals, o banco espanhol Santander e inexplicavelmente o Banco do Brasil também foram alvejados. A pacifista não escondeu o sorriso de satisfação quando falou do consulado e do McDonalds. Mas também não entendeu porque a rapaziada que veio de Belo Horizonte incluiu o Banco do Brasil na sua ira. E confirmou a paranóia de perseguição que essa gente sofre:
– Surpreendente é que no dia seguinte O Globo foi bem fiel aos fatos.