31.3.03

Um grupo de pacifistas acampou na frente do consulado estadonidense no centro do Rio. Estava lá perto e resolvi dar uma olhada. Além de idéias, na tenda armada são vendidas camisas, livros, agendas e jornais, afinal vivemos num país capitalista. Uma entusiasta que adquiriu vários produtos conversava com a pacifista sobre o tal boicote a produtos dos EUA. A pacifista falava em não tomar coca-cola. Mostrei minha mochila da Pepsi pra ela:

– E Pepsi, pode tomar?
– Pepsi também...
– Desculpa aí, é que eu ganhei essa mochila...
– Não é que não pode tomar, a gente só orienta a não consumir.
– E ver filme americano, ler Hemingway, pode?
– tentei dar uma sofisticada no papo.
– A gente não proíbe, a pessoa faz o que quiser.
– Eu acho que se as pessoas pararem de usar camisas com bandeira dos Estados Unidos vai ser uma grande coisa
– contra-argumentei.
– Mas aí não adianta, a pessoa já tem a camisa. Tem que parar de consumir pra dar prejuízo pra eles.

Fui embora. Fazia um pouco de calor. Parei no primeiro McDonals e tomei uma casquinha mista.


"Se não colocar mais calda de chocolate no
meu mc colosso eu estouro seus miolos"


Ah sim, ainda quis saber como havia sido o quebra-quebra que aconteceu uns dois dias antes. Um bando havia quebrado alguns vidros do consulado e continuou a baderna rua abaixo. O McDonals, o banco espanhol Santander e inexplicavelmente o Banco do Brasil também foram alvejados. A pacifista não escondeu o sorriso de satisfação quando falou do consulado e do McDonalds. Mas também não entendeu porque a rapaziada que veio de Belo Horizonte incluiu o Banco do Brasil na sua ira. E confirmou a paranóia de perseguição que essa gente sofre:

– Surpreendente é que no dia seguinte O Globo foi bem fiel aos fatos.