29.3.03

Neste sábado estava no ginásio do Flamengo, a casa do inimigo, assistindo a seletiva dos Jogos Panamericanos de judô. Um velhinho passava na arquibancada vendendo pastéis e refrigerante. Primeiro pensei que ele fosse do bar do clube, mas imaginei que essa prática seria um tanto apelativa. Depois lembrei que é normal entre parentes de atletas amadores descolarem algum troco para ajudar na despesa de viagens ou na preparação para alguma competição.

O velhinho sentou do meu lado. Resolvi dar uma força pro sofrido esporte brasileiro:

– Me dá um guaraná. Quanto é?
– Dois reais.


Peguei a latinha já com o sentimento de dever cumprido, mas antes pagar quis confirmar o meu pensamento:

– Isso aí que você tá fazendo é pra ajudar algum atleta?
– É pra ajudar a comprar o Roger.
– Como é que é!?
– Pra ajudar a comprar o Roger, do Benfica.


Explicando: essa semana o Roger, ex-jogador do Fluminense que está encostado no Benfica de Portugal, foi oferecido ao Flamengo. Devolvi a latinha no ato.

– De jeito nenhum!
– É que eu pago a 1,50 no bar e vendo a 2 aqui...


Nem me dei ao trabalho de revelar o meu time pra não maltratar ainda mais o sujeito. Eu posso morrer de fome, de sede, entrar em estado de inanição, mas não deixo um centavo naquele lugar.

Ah sim, como eu sou um torcedor muito mais selvagem que esses boçalóides de torcida organizada, não poderia sair de templo do império do mal sem praticar um ato de vandalismo. Pois bem, antes de ir embora, fui ao banheiro do ginásio e...



MIJEI NA PRIVADA SEM DAR DESCARGA!!!

Nossa, que atrocidade!

Devo ter dado o maior prejuízo pro clube!

Sou ou não sou malvado?