22.7.02


Onde está Vela?

No ginásio do Fluminense, Pedro Bial, mestre de cerimônias da festa do centenário tricolor, avisava pros torcedores que o filme "Saudações Tricolores" só seria exibido após a chegada de uma pessoa especial. Alguns minutos de espera e a surpresa: Telê Santana. Ponta-esquerda histórico do Flu, Telê ficou debilitado depois de sofrer um derrame. Recluso à imprensa, mas tricolor de coração, ele fez questão de participar do filme. A entrada no ginásio foi triunfal. Cercado de seguranças e caminhando lentamente ao lado do filho Renê Santana, Telê cantava o hino do clube com um sorriso de criança. Ao chegar na área reservada para a elite, em frente ao telão, Bial perguntou: "Telê, qual a sua maior paixão?". "O Fluminense".

"Saudações Tricolores" parece um filme universitário, amador, que foi feito às pressas. Mas tem um tremendo valor histórico, principalmente nos depoimentos preciosos do carrasco do Flamengo Assis e do técnico Carlos Alberto Parreira. Nélson Rodrigues Filho fala emocionado do pai, que nos últimos dias de vida, no hospital, se esforçava para escrever sobre o título estadual de 1980. E é claro, Telê, que só faltou dar uma de Don Lázaro e falar "Eu quero melão". Bizarra é a presença do Jorge Lafond, a Vera Verão, assim com a torcedora "Vovó" mostrando uma xícara de café com o escudo do clube. Faltou capricho à Renato Gaúcho, que fala na praia, de protetor labial e encharcado de suor. Outro pecado do filme é perder tempo demais com as brincadeiras do torcedor-símbolo Careca. Longe dos estádios há anos, Careca foi dado como morto por causa de problemas respiratórios de tanto se cobrir de talco. Os extensos minutos dedicados a ele serviram de sobra para compensar a sua ausência. Nos letreiros finais, o filme é dedicado ao goleiraço Castilho, que amputou o dedo mínimo para encurtar o tempo de recuperação de uma contusão (coisa que nenhum goleiro no mundo teria culhão de fazer) e ao folclórico roupeiro Ximbica, falecido há pouco mais de um mês. No final da exibição o nó na garganta impediu que eu cantasse o hino.

De volta à dura realidade. Telê foi embora com uma camisa da torcida organizada Young Flu, que algum idiota da facção enfiou nele. Se aproveitaram da fraqueza do mestre Telê. A sessão dupla de cinema prosseguiu com um filme que não se sabia se seria de drama, suspense ou tragédia. Fluminense e Palmeiras, pelas quartas-de-final da Copa dos Campeões, se tornou um filme de terror. Começou quando a tevê focalizou um flamenguista no estádio do Piauí com uma buzina movida a butijão do gás. Nossa, como eu torci praquilo explodir... César atrapalhou o goleiro Murilo e cabeceou a bola pra dentro do gol na cobrança de falta de Arce. O pênalti perdido pelo terrível Roni, que Marcos defendeu, foi o ápice. O time jogava tão mal que até o telão resolveu sacanear. Lá pela metade do segundo tempo a net deu um problema e só ficou o áudio. Deprimente. Pra completar o belo fim de tarde, a bandeirinha do Flu presa na janela do meu carro tinha sido arrancada. Espero que o próximo centenário seja melhor.


Careca com medo do filme de terror

Quarta-feira tem jogo comemorativo contra o Deportivo Toluca, no Maracanã. Nossa preguiçosa imprensa esportiva não diz nada sobre o time do México, mas basta ir ao site do clube para saber que os diabos rubros não são um time qualquer. Chegaram às semi-finais do Campeonato de Verão, perdendo para o Pachuca por 4 a 2. Consta no guia da revista Placar que três jogadores do clube disputaram a Copa do Mundo: Rafael Garcia, Mercado e Salvador Carmona. E ontem eles venceram o Botafogo por 3 a 1. Mas isso não é grande coisa.

# TODO MUNDO TENTA, MAS SÓ O FANGIO É PENTA
Nem isso os argentinos podem falar mais...