26.7.02

Em 1975, o Mobral, Movimento de Alfabetização Brasileiro do regime militar, precisava de uma for$$inha. O Fluminense, então chamado de Máquina pelo time cheio de craques, convocou o Bayern de Munique, base da seleção alemã campeã mundial no ano anterior, para um amistoso no Maracanã. A renda seria dada ao Mobral. De um lado, Rivelino e Cafuringa. Do outro, Beckembauer e o goleiraço Sepp Maier (um dos melhores de todos os tempos, treinador do Oliver Kahn na Copa desse ano). O Flu venceu por 2 a 0.

Em 2002, para comemorar o centenário de existência, o Fluminense, também conhecido como timinho, convocou o Toluca do México, time que eu nunca tinha ouvido falar, para um amistoso no Maracanã. De um lado, Roni e Marcão. Do outro, não faço a mínima idéia. O Flu venceu por 3 a 1.

Eu não teria motivos pra ir ao Maracanã, não fosse a preliminar, com os craques do passado contra um combinado de artistas e jornalistas. Foi uma viagem de volta aos vitoriosos anos 80, com direito a jogadas de efeito e gritos da torcida de "tricampeão". Deu pra se divertir tentando descobrir quem era quem. Fácil foi identificar o casal 20 Assis e Washington, Romerito, Branco, Ricardo Gomes, Cláudio Adão e Delei.

Novamente, de volta à dura realidade. Pelo menos a embalagem de um recheio duvidoso era especial. No primeiro tempo do jogo contra o Toluca, o Flu usou o uniforme cinza e branco, o primeiro da história do clube, e no segundo, a camisa laranja. Um grupo de uma dúzia de mexicanos comemorou o gol do Toluca. Comecei a gritar "Chapolim!!!", "Dona Florinda!!!" e me arrependi de não ter ido com o meu moletom do Vermelhinho. Mas valeu. Também poderia ter comprado uma camisa vendida na subida da rampa do Maraca com os elegantes dizeres: "Timinho é o caralho. Campeão do centenário".

# Um ditado futebolístico diz que tem coisas que só acontecem ao Botafogo. Pois bem. Saiu no Globo de anteontem que há algumas semanas o traficante Uê ligou para o presidente do clube, Mauro Nei Palmeiro, pedindo um jogo comemorativo no presídio onde "mora". O dirigente pensou que tinha se livrado do absurdo ao dizer que dependeria de um pedido oficial do Desipe. Em dez minutos o pedido chegou por fax e o jogo foi realizado com um time misto.

Puxa vida, porque a CNT não transmitiu o jogo? Imagino os presos jogando com aquele uniforme tradicional, com listras horizontais em preto e branco. Será que não confundiu com a camisa do Fogão? Realmente, tem coisas que só acontecem ao Botafogo.