19.7.02



No sábado passado, depois que soube da morte do Claudinho, botei a coletânea da dupla funkeira pra tocar bem alto. "Mas Vela, você gosta disso!? Puxa, que decepção! Nunca mais vou ler o seu blog!" Sim, gosto e se você não quiser ler mais o meu blog pode ficar por aqui. Esse disco aí da foto convive muito bem com Black Sabbath, Faith No More, Pixies, Soundgarden, Falcão e Titãs, entre muitos outros. Já torci a cara pra Claudinho e Buchecha. Achava aquele cloc cloc de "Quero te encontrar" ridículo e que a MTV tinha perdido a razão quando deu a eles o prêmio de revelação, se não me engano de 97.

Certo dia, porém, prestei atenção em "Nosso Sonho", o primeiro hit, que foi cantado mal e porcamente pelo Ronaldo num comercial da Naique na Copa de 98. Ela começa com o Claudinho, à capela: "Gatinhaaaaa, quero te encontraaaar. Vou falaaaaar, sou Claudinhooooo...". Hoje parece mensagem do além. "Nosso Sonho" é uma música roquenrol. Como é que eu vou explicar isso? É como o pagode levanta-defunto "Caxambu", do Almir Guineto. Tem vibração, força, é uma porrada.

Buchecha compôs um dos versos mais enigmáticos do pop brasileiro: "Controlo o calendário sem utilizar as mãos", de "Só Love". Alguém entendeu? Antes do sucesso declinar, em meio a uma disputa judicial com um ex-empresário, a dupla gravou uma ótima versão de "Pobre", do Léo Jaime, que circulou pouco, mas chegou a tocar na alternativóide festa Lound, no Cine Íris. Tinham voltado às paradas com a duvidosa "Gostosa", que só faltou ter cerol na mão e popozão na letra. Agora resta à gravadora capitanear a desgraça, vender mais discos e convencer Buchecha a continuar.

Bom, pra não perder o bonde, um trecho de um dos sucessos da dupla, "Meu Compromisso", que poderia ser usado caso a carteira de motorista de Claudinho não constasse a opção de doador de órgãos. "Libera o seu coração / Pra outra pessoa". Péssimo.