16.6.03



Não quero dar uma de mãe Dinah, mas no sábado de manhã quando vi essa manchete do jornal Extra tive um mau pressentimento. A matéria do xexelento jornal dava destaque aos quatro anéis de ouro cravejados por 30 diamantes, adquiridos por Romário em sua apagada passagem pelo Catar.
Não deu outra. Sábado à tarde no Maracanã, Goiás lanterninha 3, Fluminense com o senhor dos anéis de volta, 2.

ESTATUTO DO TORCEDOR

Pela primeira vez fui ao Maraca sob os cuidados do Estatuto do Torcedor. Chegando perto do estádio, a primeira mudança: nenhum sinal de cambistas. O ingresso voltou a ter comprovante de pagamento. Na rampa de acesso às arquibancadas um sujeito fazia uma pesquisa com os torcedores. “O que você acha de ter um juizado de menores nos dias de jogos?”. "Fundamental, principalmente em jogos do Flamengo". “Que tal a iluminação”. "Sei lá, porra, são 4 horas, ainda tá claro. Um painel explicava o que é o Estatuto, tabela do campeonato, os participantes. Teve gente procurando pelo Botafogo só de sacanagem. Estava lá também o nome e o e-mail do ouvidor, Carlos Alberto Torres. “Se faltar papel higiênico no banheiro eu posso reclamar com ele?”. “Claro que pode!”, respondeu o prestativo funcionariozinho da Suderj, me dando em seguida um papelzinho com o e-mail do Capita. Nada de vendedores de produtos piratas na rampa. No lugar deles, a repórter do “Momento do Sport” entrevistava torcedores. Fiz questão de desviar. Só não dava pra escapar do pente fino da PM. Me senti muito bem recepcionado. Só faltou o Chiquinho da Mangueira, mas ele pôde ir porque tinha ido visitar um amigo no presídio de Bangu I.

* Nas arquibancadas, uma ridícula torcida organizava (desculpem a redundância) xingava o presidente do Flu, David Fishel. Um protesto isolado de quem não ganha mais ingressos da diretoria. Vão comprar ingresso, seus putos.

* A verdade é que o Estatuto do Torcedor deveria agir também dentro de campo, proibindo uma defesa tão bisonha. A dupla de zaga Zé Carlos e Augusto dava um show de chutes na grama, furadas, pixotadas. Não dá pra entender como Jeancarlo é titular da seleção brasileira sub-20. Torci pro Romário dar um murro nos caras como fez com o Andrei no ano passado.

* No segundo tempo o time pressionava, mas não fazia gol. O motivo estava nos céus. Um urubu sobrevoava a área do Goiás. Lembrei do Globo Esporte da semana passada, que mostrou um Fla-Flu de 84, quando um urubu voava pelo Maraca. Burro como todo urubu, ele pensou que voaria tranqüilamente pela torcida do Fluminense. Furiosamente alvejado o urubu foi caindo no MEIO da torcida. Nossa senhora, como eu queria ter estado ali pra presenciar aquele momento lindo, ter ajudado a trucidar o bicho. Se não me engano aquele era o jogo do bicampeonato, gol de Assis. Um jogo que o Flu começou a ganhar ali.

* Romário sentiu forte dores nas costas antes do jogo e só entrou em campo depois de tomar uma injeção. Domingo, o time viajou sem Renato Gaúcho, com fortes dores nas costas, para um amistoso em Martinica (pensei que esse lugar só existisse na música da Chiquita Bacana). Durante o jogo, Renato chamou Romário na beira do campo. Imagino o diálogo: “ó só, aquela morenaça falou que só sai contigo se tu fizer um gol”. Como diriam os Mamonas, comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas.