12.6.03

COMENTÁRIOS RESGATADOS – Matrix

“Suas críticas são tão forçadas que passa do engraçado e cai no ridículo já. Pior do que gostar dessas merdas e virar um fanatico idióta é fazer o tipo que odeia todos e é super legal por ser desencanado.” - Rogerio

Poxa vida, eu gosto tanto quando alguém me critica assim, construtivamente. É bom, serve pra fazer uma reflexão, olhar pro meu eu interior, pro âmago do meu ser. É quase uma terapia egocêntrica (nossa, que termo desencanado!).

Vamos la, boneca. Você diz que eu faço “tipo que odeia todos”. Como assim!? Olha Rogério, meu caso não precisa das explicações da bichona do Freud. Eu AMO fãs do senhor dos anéis e de Guerra nas Estrelas. AMO o Flamengo e sua torcida. Pelo jeito também amarei fãs de Matrix. Eles todos me fazem tão bem, não tenho porque odiá-los, muito pelo contrário. “Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo”.

Mas talvez você não entenda isso. Por isso, terei que dar seqüência ao tipo que “odeia todos e acha super legal ser desencanado”. Saiu na Época dessa semana (comprem antes do fim da revista) uma entrevista com o sociólogo francês Jean Baudrillard, cujo livro “Simulacros e Simulação” alimentou a punheta dos irmãos Wachowski, os criadores de Matrix.

ÉPOCA - Seu raciocínio lembra os dos personagens da trilogia Matrix. O senhor gostou do filme?
Baudrillard - é uma produçao divertida, repleta de efeitos especiais, só que muito metafórica. Os irmãos Wachowski são bons no que fazem. Keanu Reeves também tem me citado em muitas ocasiões, só que eu não tenho certeza de que ele captou meu pensamento. O fato, porém, é que Matrix faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Os diretores se basearam em meu livro Simulacros e Simulação, mas não o entenderam. Prefiro filmes como Truman Show e Cidade dos Sonhos, cujos realizadores perceberam que a diferença entre uma coisa e outra é menos evidente. Nos dois filmes, minhas idéias estão mais bem aplicadas. Os Wachowskis me chamaram para prestar uma assessoria filosófica para Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, mas não aceitei o convite. Como poderia? Não tenho nada a ver com kung fu. Meu trabalho é discutir idéias em ambientes apropriados para essa atividade.


Aliás, em Cidade dos Sonhos rola um “simulacro” e tanto entre as duas protagonistas!

Aguardem em breve criticas “forçadas que saem do engraçado e caem no ridiculo” de “Tiros em Colombine” e do disco novo do Los Hermanos.

Porque pra ser super legal tem que ser desencanado!