26.6.03

Alguém viu o Jornal da Globo dessa quarta? Deu uma pane geral na repórter Heloísa Vilela, que falava ao vivo do escritório da Globo em Nova York. Ela falava de juros, Banco Central, quando baixou a cabeça como se estivesse tentando ler o roteiro. Só que ela ficou calada, sem reação. Olhava pra câmera e pra baixo. Aqueles segundos duraram uma eternidade. Não deu pra saber o que estava acontecendo. Pensei que ela fosse virar o incrível Hulk, numa tentativa de promoção do filme. Talvez ela fosse desabafar sobre sua vida pessoal via satélite, dizer que sente saudades da bichona do Edney Silvestre, que só ele a entendia naquela cidade de loucos... Comecei a lembrar do moleque demente do filme “Minha vida de cachorro” tentando tomar leite e tacando o copo na própria cara. Aí entrou a matéria da reportagem. Fico imagiando o que se seguiu nos bastidores:

Ana Paula Padrão, de São Paulo:
Caralho, que que tá acontecendo Heloísa? Tá doente?
Heloísa Vilela, de Nova York:
Dããã, dééé, blow, bri, brum, brown, tchow...
APP: Puta merda, ela surtou!!! Alguém aí na redação faz alguma coisa!!! Ela ainda tem que completar a matéria!!!
HV: Chuííím, xovtz, broxtz, brekts, trutz...

Alguém na redação em Nova York dá dois tapas no rosto da Heloísa, um em cada lado, pra que os dois lados fiquem igualmente vermelhos e não estague a maquiagem.

APP: Heloísa, tá me ouvindo? Se você não falar direito vai ser demitida.
HV: Ahn!!!!! Demissão!?!?!?!?!?

No mesmo instante que Heloísa se recompõe a matéria acaba e volta pra ela, que fala tudo direitinho, mas visivelmente abatida.

Falar ao vivo na TV é foda. Já tive uma experiência não muito digna no programa trash futebolístico Mesa Redonda como “Comentarista por um dia”. Tava nervoso, com a boca seca, e as piranhas de lá só serviam guaraná natural, o que não ajudou nem um pouco. Logo na primeira entrada, falei que o Vasco tinha sido vice de novo, daquela vez no campeonato mundial de basquete. Como não ouvi o retorno da minha voz pensei que o microfone estivesse ruim e me atrapalhei. Mais tarde tomei esporro do diretor porque tava sentado torto e quando fiz uma pergunta pro Zagallo levei um chega pra lá desse velho escroto. No dia seguinte, um sujeito no ônibus olhou pra mim como se tivesse me reconhecido. Apesar de ruim, o Mesa Redonda tem uma tremenda audiência aqui no Rio. Só faltou o cara me zoar. Bom, o importante é que naquele domingo eu ganhei a bolsa do bingo tijuca e a camisa do programa e voltei pra casa feliz e contente a bordo do Copatur rádio táxi.