26.6.02

* Atentado mixuruca esse na sede administrativa da prefeitura do Rio, mais conhecido como Piranhão. Fosse nos States mandavam um teco-teco no prédio. Prova que só tem bandido frouxo. Ninguém quer dar a vida por esta causa tão nobre que é a criminalidade. Quero ver se fazem isso no barraco, digo, no palácio da governadora favelada.

* A polícia civil montou uma exposição no Shopping Tijuca. Isso mesmo. Em vez de subir o morro pra prender traficante, a poliça preferiu o conforto dos corredores do shopping deste bairro de classe média decadente e de gente metida à besta. Pelo menos é uma diversão pra molecada, que se esbalda pulando nos bancos da caminhonete Blazer. Fiquei tão empolgado que quase pedi pra entrar no camburão, só pra sentir a sensação de ser preso. Um policial tirava uma foto com uma criança no colo, como se fosse Papai Noel. Que cena tocante! Um bando de adolescentes com cara de pobre se amontova na frente da televisão que passava vídeos de treinamento. Num instante, o policial desce por uma corda seis andares de um prédio abandonado e começa a atirar desvairadamente. Pelos olhos fixos na tela deu pra perceber que isso foi o bastante pra deixar a rapaziada com vontade de ser policial. Numa conversa com um curioso, um policial manda: "o exército não tá acostumado a combater o crime não. Os caras só sabem ficar lá no quartel batendo continência". Atrás dele, uma espécie de tanque onde são colocadas as bomba pra explodir. Eles poderiam fazer demostrações com estalinhos. Em vez da cafona moda tijucana, os manequins exibem coletes a prova de bala, capacetes e armas. Numa mesa, meia dúzia de fuzis estão espalhados, o que deve ser metade do arsenal da polícia civil. Não entendi porque armas do século XIX (também conhecido como 19) estão ali. Quase perguntei prum poliça se eles usavam aquilo. Pois é. Do jeito que as coisas estão, muito em breve o Comando Vermelho vai montar uma exposição bem maior no mesmo shopping, para que a sociedade tijucana se acostume ainda mais com a realidade cercada de favelas.

* Começaram a pipocar sérios candidatos ao meu voto nas próximas eleições. Amendoim, aquele do No Limite, que no programa foi humilhado por um zé mané, e a modelo e policial Marinara Costa, ex-freqüentadora da Playboy, cujo ápice da fama foi ter saído no tapa com Regininha Poltergheist por causa do... Fernando Vanucci. Alô você, até hoje não dá pra acreditar nisso. Os dois serão candidatos a deputado federal.

* Soou um tanto quanto hipócrita a proibição da Igreja Católica ao uso da imagem da Santa Paulina numa passeata gay. Por que os viadinhos não podem? E se fosse uma passeata pedófila, teria problema?

* Ônibus de novo. Segunda, quando voltava pra casa, avistei o meu buzão parado no ponto. Atravessei por entre os carros e consegui alcançá-lo. Antes de passar pela roleta percebi um tumulto na parte da frente do coletivo. Uma mulher gritava palavrões prum pacato senhor. Disse o trocador que a mulher havia entrado pela frente do coletivo com um passe sem valor (ao contrário de Sampa, no Rio a entrada é por trás e a saída é pela frente. Humm...). Ela desancou o piloto com xingamentos e ameaças do tipo "vou madar cortar a tua garganta". O pacato senhor tomou as dores do piloto. Na confusão, a mulher arrancou a caneta do senhor e se não fosse a intervenção dos outros passageiros teria desferido nele canetadas mortais. Um policial chegou mas a situação continuou. A mulher queria resolver o problema na delegacia. Antes que um daqueles programas sensacionalistas que caçam confusão como urubus chegasse peguei o ônibus seguinte. Primeiro o teletubie, depois uma louca arrumando confusão. Acho que da próxima vez que pegar um ônibus vou ter que me benzer.