15.8.02

A BOA DO FIM DE SEMANA


Skylab adulto e recém-nascido, na capa do disco

Poucos artistas da atualidade têm o dom de causar incômodo, repulsa, como Kubrick fez no cinema e Rubem Fonseca na literatura, só pra ficar nesses dois exemplos. Rogério Skylab é assim. É impossível ficar indiferente às suas bizarrices. Nessa sexta o esquisito lança Skylab III no Balruim, lá pelas 11, meia-noite. O ingresso a 15 reais dá direito ao disco novo. Vai lá e diga se você amou o odiou.

E sábado, no longínquo Olimpo, em Vicente de Carvalho, tem Roupa Nova. Chegar lá não é difícil. É só pegar a Estrada Velha da Pavuna até o final e virar à direita no Shopping Carioca. Desaconselhável para quem não possui vidro blindado no carro. Sobre a veterana banda – cujo meu maior interesse é na sobrinha de dois de seus integrantes – deixo que o sensacional Rei do Brega fale por mim.

(by Jorge Malcher) Mais um dos inúmeros casos de artistas brasileiros que preferiram o mau-caminho, essa banda também se iniciou em fins dos anos 70 como promessa da boa MPB. Formada por razoáveis músicos e vocalistas, começou gravando coisas bacanas como Sapato Velho (bela composição de Cláudio Nucci, membro do Boca Livre). Só que, por volta de 82, gravaram um arremedo de rockzinho chacundum de baile de quinta categoria chamado “Whisky a go-go” (que foi tema de novela e até hoje é executada com insistência em festinhas animadas por bandas “profissionais” e “ecléticas” tipo a brasiliense “Squema Seis”). Foi o suficiente para a banda enveredar de vez para um rock romântico cheio de reverb na bateria, que misturava hard-rock farofeiro com a essência das baladas bregas nacionais. Hits como Linda e Coração Pirata tocam até hoje nas madrugadas das rádios especializadas, mas o grande sucesso mesmo deve ter sido aquela em que aquele baterista-vocalista-poodle usa seu "microfone da Madonna” para berrar “Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir/ você é o meu desejo de viver / Sou menino e seu amor é o que me faz crescer / e me entrego corpo e alma pra você...” (repare no duplo sentido do terceiro verso). Hoje em dia, coroas, barrigudos, carecas, barbudos e grisalhos, os rapazes tentam posar de mauricinhos em videoclipes superproduzidos, sem NENHUMA NOÇÃO de suas idades e formas físicas... Afe!

Para completar o fim de semana trash, só mesmo indo ao cinema assistir “Malditas Aranhas”.