22.10.04

VALEU, BAIXINHO!



Quando o Fluminense anunciou em agosto de 2002 a contratação do Romário, fiquei com o pé atrás. Fui conferir ao vivo a sua estréia, no dia 11 de agosto. Eu e mais 70 mil tricolores fomos quase que inebriados ao Maracanã. Lembro bem dos anúncios da Unimed fazendo a irresistível convocação. Dizia aqui no blog o quanto era estranho ver o Baixinho com a camisa tricolor. Mas bastaram dois gols nos 5 a 1 sobre o Cruzeiro, na estréia do Campeonato Brasileiro, pra que eu gritasse pela primeira vez "Romário sinistro!".

Seguiram-se situações bizarras, como a porrada no zagueiro Andrei durante a sova levada pelo São Paulo e o pênalti batido na trave no primeiro Fla-Flu pelo lado bom da força. Aquele era o último campeonato disputado no saudoso sistema de mata-mata - os oito primeiros se cruzavam para decidir o título. No último jogo da primeira fase, o Fluminense precisava vencer a Ponte Preta para se classificar. Final de 1º tempo, 2 x 0 Macaca. A reação veio na etapa final. O Flu empatou e eis que num lance malandro, genial, Romário rouba a bola do zagueiro Marinho e faz o gol da classificação. No dia anterior ao primeiro jogo das quartas, contra o São Caetano, uma bandinha de rock progressivo, se não me engano o The Rush, tentou estragar o gramado do Maraca. Em vão. Quem deu show foi Romário. Marcadíssimo, serviu para Roni e Magno Alves (que saudades!) fazeram 3 a 0. Nunca fui de fazer previsão sobre resultados, mas quando chegava ao Maracanã senti que esse seria o placar do jogo. Semifnal contra o Corinthians, jogo apertado, calor sufocante. Yan lança do meio para Roni, que ajeita de calcanhar para Romário marcar. Quase desmaiei com o bafo quente levantado nas cadeiras. O Flu, com um time horroroso, chegou num improvável quarto lugar.

No ano passado, Romário foi passar um tempo no Catar. Sem fazer gol, embolsou 1,5 milhão de dólares em três meses. O babaca aqui estava na arquibancada, na goleada sobre o Botafogo por 5 a 0, gritando "Fica por favor, Romário é a alegria tricolor!". Quando ele voltou, o Flu começou a descer a ladeira e perigou ser rebaixado. Achava que o Baixinho não resolveria. Mas não. Sua última missão foi livrar o Flu da degola. Cumpriu com gols decisivos, principalmente contra o Coritiba (vitória com ajuda preciosa do Odvan, que estava no Coxa). Pra não sair da rotina, pagou mico ao dar porrada num torcedor que jogou galinhas no gramado das Laranjeiras.

Esse ano, naufragou no Campeonato Carioca ao lado de Edmundo, Roger e Ramon. Passou uma tarde na delegacia por não ter pago pensão, chegou a fazer gol de bicicleta contra o Guarani, mas até eu, romarista convicto, já achava que não rolava mais. Nem a diretoria frouxa aguentou, até um técnico, um ex-jogador do próprio Fluminense que eu nunca tinha ouvido falar, conseguiu peitá-lo. Uma pena ele ter saído assim, mas de qualquer forma, sem título, foi bom pra caralho ter o Romário no time.

Agora entendo porque um colega meu, vascaíno, ia de vez em quando aos jogos do Flu. Uma autêntica "Viúva do Romário". Agora ele deve estar feliz, o Romário vai encerrar a carreira lá. Eu, até segunda ordem, não vou a São Januário...

P.S. - Há umas duas semanas, perambulava pelo shopping Nova América quando dei de cara com uma loja outlet da Adidas. Esbarrei com a camisa 11 da foto acima, o melhor momento do Romário nas Laranjeiras. Ainda não tinha e comprei baratinho, por 20 reais. Relíquia. Ainda restavam duas.