27.9.06



Tem tantos candidatos para se falar mal. Mas escolhi apenas um, para representar o quanto essa eleição tá tão nivelada por baixo - tão ruim quanto o Campeonato Brasileiro.

Meu escolhido para judas é Francisco de Carvalho - ou Chiquinho da Mangueira -, candidato a deputado estadual aqui do Rio. Já conhecia seu passado nebuloso à frente da Suderj, tendo que responder à suspeitas de superfaturamento nas intermináveis obras no Maracanã. Durante a Copa do Mundo deste ano, o jornal Lance! fez uma matéria a respeito, que infelizmente teve pouca repercussão. Freqüento o Maracanã desde moleque. Menos do que antigamente, mas ainda vou de vez em quando. Até hoje não entendi o motivo da existência do Museu do Futebol, no portão 18. Lembro que na inauguração penduram uns quadros sobre futebol e arrastaram um já decrépito Didi, o saudoso inventor da folha seca. Depois disso, restou uma torre de vidro com elevadores e escadas dentro que pra nada servem.

Ok, posso dizer que o túnel que dá acesso às arquibancadas melhorou com o alargamento. E já me acostumei aos assentos das arquibancadas. Mas o que falar do banheiros, que encolheram! As infiltrações ainda são inúmeras. A politicagem continua comendo solta com o sucessor do Chiquinho na Suderj, Sérgio Emilião. Vide a final da Copa do Brasil, entre o Coisa Ruim e o Bacalhau, onde as cadeiras especiais foram loteadas para convidados. Não faltou carro no estacionamento com adeviso do Chiquinho.

O pai do dito cujo mora no caminho da minha casa para o ponto de ônibus. Na casa ao lado fica o comitê eleitoral. Passo lá quase todos os dias e me incomodo com a camarilha que fica rondando a área como urubu. Não falta puxa-saco que pinta por ali pra carregar uma faixa, servir na campanha, crente que vai se dar bem quando o doutor for eleito - infelizmente deve ser isso que vai acontecer. Grande parte fica parada, encostada nos carros, exibindo seus celulares ou opinando sobre a popozuda que acabou de passar.

Vi o Chiquinho poucas vezer por ali. Tive medo quando dei de cara com ele certa vez, à noite, naquele pedaço de rua mal iluminado. Lembrei de um segurança dele que foi morto em circunstâncias não esclarescidas. Como secretário de esportes do governo da Rosinha, Chiquinho pediu para a PM dar uma trégua para seus amigos traficantes do Morro da Mangueira. Foi lá no morro verde e rosa que Chiquinho ganhou notoriedade ao comandar a bem sucedida Vila Olímpica, visitada por otoridades como Bill Clinton. Parece que o projeto não teria dado certo se não houvesse conviência com o tráfico local. Curiosamente, a candidata ao governo do Rio, Denise Frossard, propôs uma CPI para investigar nosso amigo Chiquinho por envolvimento com traficantes.

Hoje o carro de som do Chiquinho passou na minha rua, despejando um sambão cantado pela Alcione. Chiquinho comia a Alcione quando ela era comível - acredite, ela já foi jeitosinha.

E a vida continua...