7.11.04

Se o Jornal do Brasil fosse um time de futebol ele seria o América. Já foi um grande clube, hoje está falido e abriga em seu limitado elenco jogadores em fim de carreira que não têm espaço em outros clubes (como a Hildegard Angel). Mas às vezes revela um grande jogador, que não demora muito, é contratado por um grande clube. A revelação da vez é a coluna do Ulisses Mattos. 1001 Polegadas, sobre televisão, já está no ar faz algum tempo na revista Domingo. Só falta vir algum time grande para contratá-lo.

Aprendiz de milionário

Em uma parceria com o canal People + Arts, a Record está levando ao ar uma versão brasileira do reality-show O aprendiz. Para quem não conhece, o programa original mostra jovens executivos disputando a chance de trabalhar durante um ano nas empresas do milionário americano Donald Trump, que aparece a cada episódio, cheio de pose, para eliminar um dos candidatos e mostrar um pouco de sua vida luxuosa. A participação do folclórico magnata foi a chave do sucesso da atração. Trump adora aparecer, e se vangloria de ser dono de cassinos e até de uma torre em Nova York que leva seu nome. A tarefa de escolher um equivalente a Trump para o programa brasileiro foi sem dúvida um grande desafio. Infelizmente, um desafio perdido.

O apresentador convidado para a versão nacional de O aprendiz foi o empresário Roberto Justus, que nem de longe tem o carisma ou a grana de Trump. Presidente do grupo NewComm, o publicitário se tornou conhecido do público não por ser podre de rico, mas por ter vivido romances com as apresentadoras Adriane Galisteu e Eliana. Justus tem um cabelão vistoso, é verdade, mas só se tornou famoso por associação, não por esforço próprio. E nunca se testou a popularidade do sujeito pra valer. Assim, o programa corre o risco de se estabacar no ibope. A não ser que Justus fale um pouquinho de seus relacionamentos antigos com as apresentadoras no meio do programa.

Mas quem seria a pessoa ideal para ocupar o lugar de Donald Trump em O aprendiz brasileiro? Silvio Santos, é claro. Milionário, famoso e carismático, o Homem do Baú não deixaria nada a dever a Trump. E, pelo histórico de Silvio, que pegou a fórmula do Big Brother e a transformou no estranho e popular Casa dos artistas, sua versão de O aprendiz poderia ser ainda mais interessante. Em vez de uma vaga no SBT, poderia ser posto em jogo seu próprio cargo de dono da emissora e principal apresentador. Entre os candidatos estariam se digladiando Gugu Liberato, Celso Portioli, a filha Silvia Abravanel e até seu imitador da trupe do Pânico na TV, o humorista Ceará. Com o sucesso estrondoso de O aprendiz do Baú, a TV brasileira criaria outras versões.

A Record poderia contra-atacar com O aprendiz da Universal, no qual o bispo Edir Macedo escolheria um novo pastor para chegar à cúpula de sua igreja. A exemplo do programa original, a cada episódio o bispo daria tarefas aos pastores da disputa, como angariar novos fiéis, expulsar demônios das pessoas etc. Com a disputa pela audiência cada vez mais acirrada, não ia demorar para alguma emissora inventar um O aprendiz do tráfico, no qual o líder de alguma facção criminosa da cidade escolheria seu novo braço-direito entre figuras promissoras do mundo do crime, que teriam que passar por provas como batizar bandidos emergentes com nomes originais, tomar morros vizinhos, organizar uma falsa blitz, corromper autoridades e fugir de presídios pela porta da frente. Você perderia algum capítulo?