29.6.04

CRÍTICA - CD DOS HINOS DA PLACAR



Em 1996, a revista Placar lançou um disco com novas versões dos hinos dos clubes, tocados por gente como Evandro Mesquita, Tim Maia e João Gordo. Oito anos depois, um novo disco chega às bancas. Abaixo, um faixa-a-faixa comparando os dois discos. A ordem é a do CD mais recente.

Cruzeiro

2004 - O hino do Cruzeiro é horrível, tanto a música quanto a letra. Pior, só se fosse composto e cantado pelo pessoal do Clube da Esquina. Mas Samuel Rosa, do Skank, consegue a proeza de torná-lo simpático.
1996 - Quem tocou na primeira versão foi a banda mineira Virna Lisi. Banda irritante, versão idem. Aliás, alguém sabe por onde anda o Virna Lisi?

Vasco

2004 - Esperava mais da parceria entre Paulinho da Viola e Marcelo Camelo. Ficou um sambinha muito do contido. Tenho certeza que o Marcelo, um vascaíno fajuto, se interessou mais em cantar com o Paulinho da Viola do que propriamente o hino do Vasco.
1996 - Notadamente a faixa mais bem produzida do primeiro CD. Tem batida funk esperta, violino e solo de guitarra do Celso Blues Boy. Além da voz rouca do Celso, cantam Fernanda Abreu, Luis Melodia e Pierre Aderne. Não é à toa que este último é o produtor do disco e... vascaíno.

Palmeiras

2004 - A voz de "bonzinho" do Branco Mello dos Titãs ficou insuportável. Simoninha ajudou a tornar a versão ainda mais insossa. A guitarra de Igor Max Cavalera, do Sepultura, é quase imperceptível. Merecia ser rebaixado como aconteceu como o time do ano retrasado.
1996 - "A dureza do prélio não tarda". "Sabe sempre levar de vencida e mostrar". Parece hino composto pelo Osório Duque Estrada de tão antiquado. Mas João Gordo faz milagre. É a melhor versão do primeiro disco - tirando é claro a do Flu.

Botafogo

2004 - Zeca Pagodinho manda bem. Mas a impressão é que o instrumental poderia ter ficado melhor. Rildo Hora devia estar com preguiça. Ou então não é botafoguense.
1996 - Ed Motta, Beth Carvalho, Eduardo Dusek e Claudio Zoli. Muita gente de estilo diferente. Ficaram batendo cabeça que nem a defesa do timeco atual.

Bahia

2004 - A escalação: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Não sou fã de Doces Bárbaros, mas em comparação à outra escalação...
1996 - A escalação: Ricardo Chaves, Gerônimo, Tonho Matéria, Silvinha Torres e Jussara Silveira. Lembrou de algum deles? Acho que só os idiotas que curtem micaretas conhecem. Pelo menos tem mais a ver com o time.

Atlético-MG

2004 - Mineiro parece que não sabe escrever hino de futebol. "Nós somos campeões do gelo (!?!?) / O nosso time é imortal". Se tivesse só o Tianastácia talvez ficasse bom. Mas tem com Rogério Flausino do Jota Quest.
1996 - João Penca e seus Miquinhos Amestrados cantam. Mas eles não são cariocas? Macaco cantando Galo não dá certo.

São Paulo

2004 - A escalação de Dinho Ouro Preto para cantar o hino de uma torcida tão gay é perfeita. Nasi e Edgard Scandurra emprestam um pouco de macheza.
1996 - Para quem cantava coisas heterossexuais como "Eu gosto é de mulher" e "Sexo", Roger do Ultrage à Rigor queima o filme com esse hino boiola. E tricolor vermelho, preto e branco não merece crédito.

Vitória

2004 - "Oh oh oh oh oh oh oh oh! Vitória!" é das coisas mais irritantes. E Daniela Mercury deixa tudo pior.
1996 - Baiano e Novos Caetanos. O vascaíno cearense Chico Anysio empresta a voz de seus personagens e torna essa versão mais simpática. Candidata à raridade.

Flamengo

2004 - Neste segundo CD, Herbert Vianna empresta novamente sua voz desafinada à trilha sonora do inferno. Gabriel o Pensador faz um rap tão sem graça quanto o do comercial da batata frita. Não há cantor neste mundo que torne audível esta execrável música (!?).
1996 - Herbert Vianna antes do acidente cantava tão desafinado quanto hoje. Neguinho da Beija Flor e Falcão do Rappa soltam seus vozeirões à serviço do mal. Lembram da dupla funk MC's Júnior e Leonardo? Seus hits eram o Rap das Armas e uma musiquinha do centenário burro-negro que virou "vaaai framengo, toma um sacode do adiversário / vaaai framengo, sávio romário vai pra casa do caralho"!

Corinthians

2004 - O hino original não ajuda. Aí vem Negra Li, Paula Lima, Xis e Rappin Hood e fazem aquele rap paulistano de dar sono.
1996 - Os corinthiânus chiaram com a versão do carioca Toni Garrido. Com justiça. Ficou tão pálida quanto a alma do cantor do Cidade Negra.

Fluminese

2004 - Não lembrava que Paulo Ricardo era tricolor. Mas, realmente, o cara que comia a Luciana Vendramini tinha que ter bom gosto. Ficou um roquezinho legalzinho. Na verdade, ficou sensacional. Hour concour!
1996 - A música mais linda de todos os tempos ganhou roupagem funk com tamborim e foi interpretada pelos cariocax experrrtox Evandro Mesquita, Fausto Fawcet e o vozeirão do Toni Platão. Então atual campeão, a faixa tem direito a narração do gol de barriga do Renato Gaúcho. De arrepiar! Hour concour!

Internacional

2004 - Comunidade Ninjtsu e Acústicos e Valvulados fazem a melhor faixa do disco - a do Flu não conta. Muito melhor do que a versão anterior. Parece até hino de time de macho!
1996 - Kleiton e Kleidir são os autênticos representantes da música de raiz gaúcha. Daquela raiz bem grossa. Nesta versão afrescalhada, só falta a dupla cantar "Dou pra ti no Grenal / Vou pra Porto Alegre, xáu".

Santos

2004 - Arnaldo Antunes não dá mais uma bola dentro. Lembra a fase em que o Santos estava na fila de títulos. Horrível.
1996 - Paulo Miklos faz proeza e consegue levantar um hino ridículo, de duas estrofes.

Grêmio

2004 - Um tal grupo de reggae Chimarruts parece ter fumado muita maconha pra estragar este hino, que na versão original é um dos melhores. O sanfoneiro Borguetinho fica tão deslocado quanto o zagueiro Baloy.
1996 - Quando o tal de Vítor Ramil canta os cativantes versos "Até a pé nós iremos / Para o que der e vier", dá vontade de broxar.


Fortaleza (só no de 2004) - A presença do hino do Fortaleza é questionável. Ainda mais com a versão chata do também chato Fagner. Se ainda fosse o Falcão cantando...

Goiás (só no de 2004) - Zezé di Camargo e Luciano. Sertanojo que não dá pra ouvir mais de 10 segundos. Ainda bem que eles não são tricolores.

América (só no de 1996) - Tim Maia canta versão "Dancing Days" do empolgante hino do Mequinha, o time mais simpático do Rio.

Rap das torcidas (só no de 1996) - música para acabar com a violência nas arquibancadas. Pra conseguir isso, nem gravando 1 milhão de discos.


Se o primeiro disco foi em 1996 e o segundo em 2004, o próximo CD da Placar será em 2012. Sendo assim, já deixo a minha sugestão para os próximos intérpretes:

Vasco - Roberto Leal
Flamengo - Tiririca
Botafogo - Robeto Carlos (perna de pau)
São Paulo - Édson Cordeiro
Corinthians - Detentos do Rap (grupo de rap formado por presos)
Atlético-PR - Furacão 2000
Cruzeiro - Lô Borges, Flávio Venturini ou Beto Guedes (tanto faz, são todos uns malas)
Atlético-MG - Lô Borges, Flávio Venturini ou Beto Guedes (tanto faz, são todos uns malas)
Grêmio - Agnaldo Timóteo
Internacional - Ney Matogrosso
Fluminense - Chico Buarque e Rogério Skylab


Dê a sua sugestão, solte seu grito no "pois sim" abaixo.