6.7.06

Como a seleção canalhinha não conseguiu me iludir, resolvi adotar Portugal a partir da batalha campal contra Holanda. Pela primeira vez na Copa eu consegui torcer prum time. Se tivesse um holandês do meu lado eu certamente cairia na porrada com ele.

Na véspera do jogo contra Inglaterra procurei qualquer camisa alusiva aos lusitanos, exceto a oficial que é da Nike, pra quem eu não dou um mísero centavo. As piratas do camelódromo eram toscas demais e nas lojas já não havia camisetas. Acabei achando uma numa C&A recém-inaugurada. E foi com ela que presenciei a vitória nos pênaltis sobre o time do Capitão Gay. E foi paramentado dessa forma que assisti à derrota do time do Parreira.



Contra França, resolvi me embrenhar numa casa portuguesa. Desenterrei uma camisa pirata que meu tio comprou em Portugal, com o nome do João Pinto atrás, bem passível de ser sacaneado. A Casa da Vila da Penha, na Tijuca, é um reduto do MUV, Movimento Unido Vascaíno, grupo guerrilheiro anti-Eurico Miranda. Lá o presidente do Vasco é tão mal vindo quanto Zidane. Ou quanto um moleque rubro-negro, que sem a menor noção deu as caras por lá. Ouviu um corinho de urubu vai tomar no cu, foi ameaçado e depois sumiu.

A presença de uma equipe da Globo e de outras emissoras tornou as coisas pouco naturais. A empolgada cantoria dos tugas e a dança do vira sempre aumentavam quando as luzes e as câmeras eram ligadas. Entre os cântigos do pré-jogo não podia faltar o hino do Vasco. Fiquei na minha. Quase soltei um Quim Barreiros. Times em campo, a hora do Hino de Portugal foi de arrepiar cabelo de Kojak. O da França foi devidamente vaiado.



Bola rolando, uma coroa pudica se incomodava com meu palavriado de arquibancada. Mas a massa não queria saber e achincalhava as desmunhecadas do técnico francês. Pênalti no Henry contestado, gol lamentado. Pênalti não marcado no Cristiano Ronaldo reclamado. Juiz uruguaio xingado. E pra que o meu texto vire uma baboseira do Pedro Bial, francês (e balé) é coisa de viado.

Final de jogo, o juiz acabou sendo o culpado. Ao menos, ficou o orgulho em um time medíocre, mas que lutou até o fim, e do técnico tosco mais vitorioso da história. No portão da casa portuguesa (com certeza) seu Cardoso não disfarçava as lágrimas nos olhos. Por ironia (ou burrice mesmo) usava uma camisa bleu.



Sábado é dia de ver a decisão do 3º lugar na Cadeg.